O primeiro contato com essa palavra pode ser um pouco assustador, mas ela está mais próxima do que imaginamos. A nutrigenômica pode ser entendida como a ciência que estuda como os alimentos influenciam na expressão genética, e como cada pessoa pode ter uma dieta montada baseando-se no seu genoma.

Após finalizado o projeto genoma humano em 2003, descobriu-se que nosso genoma contém aproximadamente 25 mil genes. Com o montante de informações geradas pelo sequenciamento, os pesquisadores logo começaram a investigar diversos fatores que podem estar ligados aos genes e um deles é a Nutrição, iniciando assim o estudo da Nutrigenômica.

O significado da palavra vem do prefixo Nutri (Nutrição) e genoma (Conjunto de genes). Os estudiosos dessa área buscam a relação dos dados genéticos de indivíduos saudáveis ou doentes com a sua dieta, para chegarem a conclusões sobre as interferências da dieta na estrutura e expressão gênica.

Um dos principais conceitos da Nutrigenômica é que genes modulados pela alimentação parecem ter papel importante na incidência, progressão e/ou gravidade de DCNT (Doenças crônicas não transmissíveis), como por exemplo câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade.

Já foi descoberto que o consumo de ácidos graxos ômega-3, presente em alguns tipos de peixes, altera a expressão de mais de 1000 genes, muitos dos quais envolvidos com a inibição do desenvolvimento da aterosclerose. Além disso, o resveratrol, composto bioativo presente no vinho tinto, é capaz de induzir e reprimir a expressão de genes que codificam proteínas vasodilatadoras (provocam o relaxamento dos vasos sanguíneos) e vasoconstritoras (provocam a contração dos vasos sanguíneos) , respectivamente, o que parece explicar seus efeitos benéficos em doenças cardiovasculares.

Para se perceber a importância a nível mundial, temos como exemplo a Organização de Nutrigenômica da União Européia (NUGO) que engloba 22 organizações de 10 países europeus.

Em 2007, foi criada a Rede Brasileira de Nutrigenômica que se propõe a estimular o desenvolvimento dessa área no Brasil. O foco da rede consiste na promoção de projetos integrados, realizados na população brasileira, considerada como a mais miscigenada do mundo. Assim os coordenadores da rede acreditam que, além de incentivar a pesquisa com alimentos direcionados à variabilidade genética da população, faz-se necessário a criação de um banco de dados sobre estudos em Nutrigenômica.

No Brasil, um dos laboratórios de referência está situado na Universidade de São Paulo (USP). Criado em 2006, o Laboratório de Nutrigenômica tem por objetivo investigar os efeitos dos compostos bioativos presentes na dieta na expressão genética. Algumas empresas brasileiras também já realizam serviços de Nutrigenômica, como a Clínica Nutrigene em Florianópolis.

Com o avanço da tecnologia em um crescimento exponencial, o sequenciamento do genoma ficará tão barato que, em alguns anos, este tipo de exame será tão comum em nossas vidas como um exame de sangue.

Fontes:

http://abran.org.br/para-publico/a-nutrigenomica-a-nutrigenetica-e-a-epigenetica-como-meios-para-alcancar-o-potencial-da-nutricao-manter-a-saude-e-prevenir-doencas/

http://www.revista-fi.com/materias/153.pdf

http://fcfrp.usp.br/dactb/laboratorios.php?tipo=2

http://www.clinicanutrigene.com.br/

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